Esquema no tribunal de contas paraná favorece a corrupção
Algo de podre está acontecendo no reino da Dinamarca, melhor dizendo, no Estado do Paraná. Podemos estar diante de uma enorme e gigantesca coincidência ou de um dos maiores escândalos morais que o Brasil já teve. Ocorre que, nos próximos dias, haverá a eleição de um conselheiro para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado, fato este que acontece raramente, pois os conselheiros gozam de vitaliciedade no cargo.
Tudo leva a crer que o candidato da preferência do governador do Paraná, Beto Richa, é uma conhecida figura da noite curitibana: o deputado estadual Fábio Camargo, filho do presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, o desembargador Clayton Coutinho de Camargo, que está sendo investigado pelo CNJ por tráfico de influência.
A família Camargo tem história na cidade, a irmã de Fábio, Vanessa Camargo, enquanto juíza titular da vara de falências, nomeava o irmão para gerir massas falidas que estavam sob a sua tutela.
Ocorre que no último dia 2 de julho, o governador Beto Richa recebera em uma reunião a portas fechadas, Clayton Camargo (presidente do TJ) e Fábio Camargo. Os dois estavam acompanhados dos deputados Valdir Rossoni (presidente da Assembleia), Ademar Traiano (líder do governo na Assembleia) e Alexandre Curi.
O nobre Valdir Rossoni, que parece ser o interlocutor do governador, anda passando por momentos ruins em sua vida pública, pois tudo indica que pagava o piloto de seu avião por meio da Assembleia Legislativa. O ministério público agora averigua outros casos de contratações fantasmas ligados ao deputado.
Coincidentemente, outro presente na reunião, Alexandre Curi, também está tendo problemas com o ministério público e no tribunal de justiça do Paraná, que é presidido pelo pai de Fábio. Na sexta ação do MP por improbidade, o órgão pede o bloqueio dos bens do deputado, cerca de R$ 17 milhões.
Contra o último dos convidados, Ademar Traiano, pesa a contratação irregular de seu filho para a Assembleia Legislativa, que começou com salário próximo de R$ 1 mil e, em cinco anos, passou a receber R$ 25 mil.
Corre um boato que diversos deputados estão sendo pressionados para votarem em Fábio para a vaga no conselho. Como moeda de troca, promete-se favorecimento nos casos em que os parlamentares são réus. Para não deixar dúvidas, elencamos alguns na tabela abaixo:
Parlamentares e suas Ações
Alexandre Curi: TJ-PR – Recursos oriundos de ações populares e denúncia crime – Des. Prestes Mattar
Ações civis públicas e populares em 1º grau
Antônio Wandescher - TJ – PR - Inquérito Policial distribuído em 15 de janeiro de 2013
Cleiton Kielse Bordini Crisostomo - TJ – PR – Ações penais – Des Luiz Lopes – Habeas Corpus – Des. Marco Antonio de Moraes Leite.
Luís Cláudio Romanelli - TJ – PR – Criminal com origem em cidade gaúcha – Des. Nilson Mizuta / Recurso de ação civil pública de improbidade juntamente com NEREU MOURA – Juíza Astrid.
Luís Eduardo Cheida- TJ – PR – Recurso em Ação Civil Pública por improbidade – Londrina – Des. Maria Aparecida Blanco Lima – processo em fase de análise recurso tribunais superiores / Pedido de providências criminais em face do Deputado – Des. José Augusto Gomes de Aniceto.
Nelson Garcia - TJ – PR – Inquérito Policial – Des. Antonio Martellozzo – origem na comarca de Pérola.
Ações populares em 1º grau
Nelson Roberto de Plácido e Silva Júnior -
TJ-PR – Ações Criminais e Recursos em ações civis por ato de improbidade e populares
Ações civis por ato de improbidade e populares em 1º grau
Nereu de Alves Moura - TJ – PR: Ações criminais e Recurso em ações civis por ato de improbidade e populares
Ações civis por ato de improbidade e populares em 1º grau
Nos últimos dias aconteceu mais um episódio estranho, Beto Richa nomeou o pivô de um escândalo para ser seu secretário especial de cerimonial, Ezequias Moreira. Com a nomeação, Ezequias passará a ser julgado também pelo pai de Fábio, no Tribunal de Justiça.
Mesmo com o apoio do governador, pode ser que Fábio não seja o escolhido, visto que na última segunda-feira foi protocolado um pedido de impugnação por falsidade ideológica. O deputado afirmou ser advogado, mesmo sabendo que a OAB cassou seu registro há alguns anos por omissão de informações.
O que virá a acontecer nos próximos dias ninguém sabe, mas uma coisa é certa, será difícil para o governador manter o nome de sua família limpo caso Fábio Camargo seja eleito por seus colegas. Um pesadelo para quem herdou o passado político, muito respeitável, de José Richa.
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